Thursday, November 03, 2005

Tomodati Magazine Edição nº14

Cosplays
Pessoas que se vestem com a roupa de seu personagem de anime, manga, comics, filmes e etc, preferidos

Por Renata Giovanelli


Essa “brincadeira” surgiu nos Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970 com os fãs de Guerra nas estrelas e Jornada nas estrelas, embora as fantasias existam muito antes disso, em festas tradicionais, e principalmente no Halloween. Até mesmo na corrida de São Silvestre, realizada desde 1925 nas ruas de São Paulo, existem as pessoas que se divertem com suas fantasias, tanto que há uma categoria especial para esses corredores.

No contexto de anime e mangá apareceu apenas no evento japones Comiket , o primeiro grande evento do Japão direcionado a anime e mangá, ainda nos anos 80. Inspirado pelas convenções americanas, Nobuyuki Takahashi (um dos fundadores do evento) escrevia matérias incentivando os fãs japoneses a fazer o mesmo com seus animes preferidos.

Depois em 1983, surgia o primeiro grupo de cosplayers, que representaram personagens do anime Urusei Yatsura. No Brasil esse hobbie surgiu há mais de 10 anos após a explosão de Cavaleiros do Zodíaco e foi se popularizar de vez em 1997 durante o primeiro Mangacon.
Devido a grande popularidade, surgiu a Liga Brasileira de Cosplay (LBC) que é uma assessoria sem fins lucrativos que visa o aprimoramento e apoio às empresas que promovem eventos de anime/mangá, comics, RPG, games e afins, além de representa e ajuda os cosplayers.

O que é?

Cosplay significa ao pé da letra "costume play", que traduzido ficaria "fantasiar-se". É um hobby difundido por todo o mundo, e com crescimento constante no Brasil. Não existe idade mínima ou máxima para se fazer um cosplay. Normalmente a maior preocupação é em traduzir semelhanças físicas e psicológicas, da forma mais real possível.

Segundo o coordenador geral do Anime Friends David Denis Lobão, cosplay para algumas pessoas é apenas vestir a fantasia de algum personagem,mas para outras é muito mais do que isso. “Para ser um cosplay não basta apenas vestir uma roupa, mas encarar o personagem”, enfatiza.

Normalmente as pessoas usam nos encontros de fãs as fantasias para passear com os amigos entre o resto do público. “Destes 25% costumam se apresentar no palco em um dos concursos de cosplay”, informa David Lobão.

Eles se reúnem em eventos de cultura pop, no Brasil ganhou popularidade nos de anime e manga onde ocorrem concursos divididos em categorias como individual e grupo. Alguns proíbem personagens não nipônicos de concorrer, outros liberam, cada evento tem suas regras e sua forma de premiação. Além dos concursos de cosplay ocorrem outras atrações como concurso de animekê (karaokê de musicas de animes e games), quiz e outras atividades.

Os concursos

O concurso é um das muitas atrações dos eventos (Anime Fantasy, Ressaca Friends, Anime Dreams, Anime Friends), que atrai muitos espectadores. “Todos os dias mais de quatro mil pessoas assistem pelo menos um dos concursos do evento, que são: Desfile (onde só a qualidade e dificuldade da roupa contam ponto e é só individual misto), Livre (onde só a criatividade, seja da roupa ou da apresentação, contam pontos e é dividido em individual misto e grupo) e Tradicional (onde a fidelidade da roupa e do personagem contam pontos, dividido em individual masculino, individual feminino e grupo)”, revela David Lobão.A ultima edição do Anime Friends, que possui o maior concurso do Brasil, somando seus quatro dias foram mais mil pessoas se apresentando. A edição contou com show internacional, o Oscar da Dublagem e ainda a final do Circuito Cosplay, um concurso onde o que vale é a soma dos pontos de todas as apresentações que os cosplayers já fizeram nos eventos da Yamato de São Paulo no período de um ano, que são: Anime Fantasy, Ressaca Friends, Anime Dreams, Anime Friends. Esses eventos ocorrem ao longo de um ano. No término desse ano, o cosplayer que obtiver o maior número de pontos ganha. “Este ano foi a roteirista Petra Leão, que se consagrou a grande vencedora do evento, levando uma moto de prêmio pra casa”, fala a representante da LBC de Campinas, Cristiane Lameira.

A paixão

Para David Lobão, que já esta há quatro anos quando fez seu primeiro cosplay, um vampiro do filme Um Drink no Inferno para divulgar o DVD de Vampire Princess Miyu do Estúdio Gabia, o envolvimento só aumenta. “No inicio eram roupas simples que eu comprava em camelos do centro como regatas e calças depois foram ficando mais completas, então minha mãe passou a costurar pra mim. Virei um cosplayer de vez, indo fantasiado em muitos eventos e participando de vários grupos e eventos, ganhando como melhor grupo tradicional do Animecon 2005. Hoje em dia sou até o coordenador do Anime Friends e Anime Dreams, trabalhando diretamente com a organização do concurso destes eventos”, conta.

E não foi diferente para Cristiane Lameira que já conhecia o hobbie, mas teve contato direto em 2002 no Animecon e foi paixão a primeira vista. “Me apaixonei e a partir daí comecei a fazer vários projetos. E em janeiro de 2003, fui ao Anime Festival como Lara Croft (Tomb Raider)”, diz.

Hoje Cristiane é Coordenadora do Circuito Cosplay da Yamato e por isso não participa dos concursos, mas nem por isso deixou a paixão de lado. “Tenho duas personagens favoritas, a Arashi Kishu (X-1999) e a Rei Ayanami (Evangelion), ambas eu já fiz cosplay. Mas tenho várias outras personagens. Ao todo tenho 14 cosplays. Virar o personagem vestir roupas diferentes, usar acessórios, maquiagens, é muito gostoso, você pode "deixar de ser quem você" é e viver uma fantasia”, comenta.

Hobby Caro

A transformação em um cosplay pode não sair barato. Depende do tipo de roupa e acessórios alguns chegam a desembolsar mil reais em suas fantasias. “Eu tenho um amigo que já ganhou vários concursos e suas roupas não passaram do custo total de R$ 30,00, agora conheço outras pessoas que já gastaram mais de R$ 1.000,00 entre tecidos, lentes de contato, perucas, etc. O cosplayer tem que ser criativo. Ele busca os mais variados tecidos, materiais, para confeccionar de melhor forma sua roupa”, revela Cristiane Lameira.

Preconceito

Apesar de ter uma legião de fãns ainda ocorre um certo preconceito em relação aos cosplays. A falta de informação é um dos aliados para esses amantes de anime/manga. Segundo Cristine muitos não levam a serio porque acham que é coisa de criança, mas ao contrário do que se pode imaginar, grande parte dessas pessoas é maior de idade, estuda e trabalha. Além disso eles tem sua vida própria, com objetivos como qualquer pessoa. “Muitos acham que cosplay e anime é coisa de criança, assim como muita gente acha que Harry Potter é bruxaria. Se as pessoas realmente soubessem o que é, veriam que não tem nada de mal, muito pelo contrário, não conheço uma pessoa que não tenha se divertido de forma saudável fazendo um cosplay”, finaliza.

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SHOYU

Conhecido há pelo menos 2.246 anos, o molho de soja vai muito além dos sushis e sashimis

Por Renata Giovanelli


O molho de soja é um líquido escuro obtido da fermentação de soja com trigo ou outro cereal que contenha amido. De sabor salgado, com um característico e agradável aroma de extratos de carne, o shoyu é usado como flavorizante (intensificador de sabor e aroma dos alimentos) ou componente nutritivo em muitos países orientais - como Japão, Coréia, Cingapura, China, Tailândia, Filipinas, Indonésia e Malásia - para substituir o sal.

História

A idéia partiu dos chineses, que desenvolveram um molho rudimentar chamado de “Hishio”, feito à base de grãos mofados, para preservar os alimentos durante o transporte. Embora a soja seja cultivada na China há pelo menos 3.500 anos, seu molho é uma invenção mais recente. Surgiu entre 1.134 a.C e 246 a.C, durante a dinastia Zhou.

No século 13, enquanto estudava na China, um monge zen japonês entrou em contato com esses hábitos e, de volta ao Japão, disseminou a técnica de fermentar grãos com sal. A partir daí o Japão desenvolveu seu próprio molho shoyu. A pasta sólida deu origem a dois produtos: o líquido (shoyu) e o sólido (missô). Mas foi só no final do século 16 que o condimento passou a ser produzido em larga escala e comercializado, e que também recebeu o nome de shoyu. “O molho passou a ser feito com grãos de soja combinados aos de trigo, milho ou feijão (que suavizam seu sabor e conferem paladar levemente adocicado), água e sal. Seu principal segredo, desde o início, consiste na fermentação, processo que leva no mínimo seis meses e passa por diferentes etapas”, conta o vice-presidente da Indústria Agrícola Tozan Ltda, Sr. Hideyuki Ozaki, em entrevista à Tomodati Magazine.

Mas engana-se quem imagina que o shoyu só chegou ao ocidente recentemente. No século 17, os holandeses descobriram os encantos do molho escuro e o levou para a Europa, chamando-o de "soy". Os hábitos do uso cotidiano do molho de soja foram trazidos ao Brasil pelos imigrantes japoneses durante os primeiros anos do século 20. O produto era basicamente fabricado por cada família em sua própria casa. Durante a década de 1940 é que começou a industrialização do produto. “O hábito de usar shoyu na cozinha é passado de geração para geração, e a cada mudança é incorporado de maneiras diferentes”, revela a dona-de-casa Kimiko Toma, que freqüentemente utiliza o molho em sua comida.

Até 1970 o molho de soja shoyu era um produto utilizado predominantemente pelos orientais. Com o boom da culinária japonesa no mundo e também nos grandes centros brasileiros, o molho foi ganhando espaço. “Tanto o molho de soja shoyu como o missô, ganharam espaço no mercado de consumo como alternativas para tempero de saladas e outros pratos típicos da culinária brasileira”, informa o diretor industrial da Sakura Nakaya Alimentos, Paulo Takahashi.

Tipos de molho

De acordo com as produtoras, existem basicamente dois tipos de fabricação do molho de soja. Os que são produzidos por meio de fermentação natural e os que são produzidos pelo processo de hidrólise ácida da soja. Os molhos de soja de fermentação natural são produzidos a partir da soja e outro cereal e levam mais de seis meses para completar todo o ciclo de fermentação. O resultado é um produto harmonioso, com aroma e sabor característicos e importantes propriedades nutritivas.

Já aqueles produzidos por meio de hidrólise da soja são fabricados em processos cuja quebra das cadeias de proteínas se faz artificialmente, pela presença de um ácido, sob determinadas condições de pressão e temperatura.

Produção

A tecnologia de fermentação de molho de soja, como de outras fermentações tradicionais, foi primeiramente uma arte familiar guardada a sete chaves. Atualmente, os importantes passos não são mais segredo, mas os delicados ainda são informações confidenciais.

Mesmo onde o método de fermentação ainda é usado, hidrolisados (composto que reage com a água) de soja são acrescentados ao produto fermentado como intensificadores de sabor. Assim, o molho de soja é feito pela fermentação da soja, cereais (geralmente trigo) e sal com uma mistura de bolores, leveduras e bactérias. A fermentação é essencialmente um processo de hidrólise enzimática de proteínas, carboidratos e outros constituintes da soja e trigo para peptídeos, aminoácidos, açucares, álcool e outros.

Os países orientais são os maiores produtores do molho de soja, sendo o Japão considerado o líder em termos de número de produtores, consumo do produto e utilização da mais avançada tecnologia. De acordo com a Japan Agricultural Standard (JAS), existem cinco tipos de molho de soja, cada qual subdividido em três graduações (especial, superior e padrão), dependendo da avaliação analítica e organoléptica
- das propriedades que possuem os corpos de impressionar os sentidos - são eles: Koikuchi, Usukuchi, Tamari, Shiro e Saishikomi. “O segredo para se fazer um bom shoyu é sempre levar em consideração os seguintes sentidos humanos: paladar, olfato e a visão”, revela Ozaki.

No Brasil, o molho passou por uma adaptação para agradar o paladar tanto dos orientais como dos brasileiros. “No molho shoyu brasileiro, foram feitas adaptações no sabor, na textura e na cor para agradar o paladar tanto do consumidor oriental - residente no Brasil e já acostumado ao molho de soja - quanto os consumidores brasileiros em geral”, diz Paulo Takahashi.

Uso

O molho é mais utilizado na cozinha como tempero, mas segundo Kimiko Toma também pode ter outras funções, como a de dar cor aos alimentos. “Uso direto o shoyu, no molho de tomate de macarrão, para dar mais cor, além de, claro, realçar o sabor”, revela Kimiko.

Segundo o Sr. Hideyuki Ozaki, o brasileiro ainda não tem o costume de utilizar o shoyu habitualmente, mas ele pode substituir o sal na maioria dos pratos brasileiros. “Na Fazenda Tozan testamos muitas receitas com arroz carreteiro, feijão tropeiro, diversas carnes para churrasco e até sobremesas”, revela o nikkey.

Tomodati Magazine Edição nº13

Imigração nas telas

Gaijin 2 e a novela Haru e Natsu são o retrato da integração de duas culturas

Por Renata Giovanelli


A imigração japonesa ao Brasil começou em 1908, com a chegada do navio Kasato-Maru, em 1908. Na época, o governo italiano havia proibido a emigração de seus cidadãos ao Brasil, então, as fazendas de café do Brasil estavam enfrentando problemas de falta de mão-de-obra. Além disso, conforme o acordo de cavalheiros efetuado, em 1907, com os Estados Unidos, tornou-se difícil a entrada de japoneses a esse país. Esses motivos fizeram com que os japoneses viessem ao Brasil. Tanto Tizuka Yamasaki em seu novo filme Gaijin – Ama-me Como Sou como a novela Haru e Natsu – As cartas que não chegaram falam da imigração e das diferenças culturais e sua integração.

O filme

Gaijin – Ama-me como sou, que levou quatro Kikitos nas principais categorias no 33º Festival de Gramado (filme, diretor, atriz coadjuvante - Aya Ono e música de Egberto Gismonti) é fruto de cinco anos de luta. Sua diretora e produtora, Tizuka Yamasaki - assim como muito dos personagens que criou - acredita na integração das culturas brasileira e japonesa e tem esperanças de viver num país que assimila estas diferenças. Seus dois filmes são fruto desta crença. Mais uma vez ela reuniu uma equipe de alto nível que obteve um orçamento raro de se conseguir no cinema brasileiro, mais de 10 mil reais, um elenco com atores internacionais e construiu uma cidade cenográfica especialmente para o filme, entre outros feitos.

Tizuka mostra os quase cem anos da chegada do primeiro navio trazendo japoneses para trabalharem nos cafezais de São Paulo e a integração cultural entre os dois povos. No novo longa, são os descendentes destes trabalhadores rurais que voltam para o Japão para fazer riqueza - continuando a idéia da construção de um futuro melhor para ambos os povos. A produção narra a saga de quatro gerações de mulheres: Titoe, Shinobu, Maria e Yoko (enfocando o período de 1908 a 2005).

A novela

A trama, que estreou no dia 02 de outubro conta a história de duas irmãs, Haru e Natsu, que se separam quando a família decide mudar-se para o Brasil e uma delas fica no Japão. As meninas tentam se comunicar por meio de cartas, que se perdem no caminho. Crescendo separadas, em culturas completamente diferentes, Haru e Natsu só vão se reencontrar 70 anos depois.

A novela foi produzida especialmente para comemorar os 80 anos da NHK (Nippon Housou Kyoukai), a maior e mais tradicional emissora de televisão do Japão. A produção contou com 23 atores, 800 figurantes brasileiros e cerca de 120 pessoas divididas entre produção e equipe de arte. Quem participou da gravação garante que foi uma experiência inesquecível. “Tive a oportunidade de conhecer como funciona os bastidores de uma produção de teletramartugia”, fala o aposentado, Roberto Takahashi, que fez parte da equipe como figurante.

Cerca de 40% da novela foi gravado no Brasil, principalmente na fazenda Monte D’Este, da agrícola Tozan de Campinas. Um set de filmagens - que inclui a construção de barracos de madeira, hortas para o cultivo de algodão, um ofurô e uma casa de madeira ao estilo da época - foi construído no local para abrigar as gravações.

Exibição em Campinas

No dia 12 de novembro vai ocorrer uma exibição especial do primeiro capítulo da novela Haru e Natsu – as cartas que não chegaram e um documentário, no Instituto Cultural Nipo-Brasileiro de Campinas. Segundo o presidente, Tadayoshi Hanada, a exibição estava prevista para ocorrer no Teatro Castro Mendes, mas acabou não dando certo. “A idéia inicial era no teatro devido ao espaço, mas estamos montando em parceria com a Sony um telão de ultima geração aqui o que promete ser um grande evento”, revela.

A exibição conta com a parceria do Nipo de Campinas, da NHK e a Sony. “Todos estão convidados para o evento, mas devido ao espaço limitado faremos reservas e o ingresso será trocado por um quilo de alimento não perecível”, informa Hanada.
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Sakura

Delicadeza e perfeição são as características da flor símbolo do Japão, que marca o inicio da primavera

Por Renata Giovanelli


A estação do ano mais esperada pelos japoneses é a primavera, que começa em março no Japão e em setembro no Brasil. Com o início da primavera, as paisagens brancas e frias cedem espaço a um mar de flores rosadas que proporcionam um dos maiores espetáculos da natureza no arquipélago. As sakuras começam a desabrochar nas árvores no sul do Japão, em Okinawa, e vão em direção ao norte, até Hokkaido. “O fenômeno, que dura dois meses e se “move” como uma onda, é chamado de sakura zansen e significa, literalmente, linha de frente das cerejeiras”, conta a professora de nihongo, Emiko Banno.

As lendas

A tradição em torno da flor nacional símbolo do Japão está calcada em lendas e crenças. Sakura é uma modificação do nome sakuya, proveniente da princesa Kono-hana-sakuya-hime, a qual os japoneses veneravam no topo do Monte Fuji. Acredita-se que a princesa tenha caído dos céus sobre uma cerejeira.

Outro aspecto de forte significado do sakura é sua ligação com os samurais. No período feudal, a vida desses guerreiros era comparada à efemeridade da flor de cerejeira, que dura pouco tempo nos galhos das arvores. “Ela é muito apreciada pelos japoneses, pela beleza e pela fragilidade”, explica Emiko.

Hanami

Apreciadores das flores de cerejeiras não faltam. Eles se reúnem em grupos e passam horas observando as belas paisagens que a primavera traz. A prática ganhou até nome: Hanami. O hábito já tem mais de dez séculos e exige a dedicação dos participantes, já que, em cada região, o espetáculo só dura duas semanas.

O costume do Hanami vem de muito tempo. Durante a Era Heian (794 -1185), a festividade era reservada à aristocracia, que se reunia para escrever poemas e cantar sob as cerejeiras. Elas foram e ainda são tema de canções e danças japonesas. A popularização aconteceu somente durante a Era Edo (1688 -1704) e, desde então, tornou-se uma tradição para a maioria dos japoneses. “Nessa época, as pessoas reuniam-se sob as cerejeiras para comer, beber e dançar”, conta Emiko.

Hoje, países como o Brasil e Estados Unidos também realizam o Hanami graças à iniciativa japonesa de, no início do século 20, distribuir mudas da árvore para diversas nações como prova de amizade. Mais de três mil pés foram levados para os Estados Unidos e podem ser vistos nos jardins da Casa Branca. Com isso a cerejeira virou símbolo de fraternidade.

Segundo o aposentado Takeshi Minazaki, no Brasil isso pode serpercebido em São Paulo que tem uma maior concentração da cerejeira. “No bairro de Itaquera, em São Paulo, tem bastante, é muito bonito, e fica bem parecido com os parques no Japão, onde fica tudo cor-de-rosa”, revela Takeshi, que tem uma arvore em sua casa.

Recado sutil


Antigamente, a sakura era considerada símbolo do amor. Quando as mulheres enfeitavam os cabelos com um galho de sakura ou decoravam o quintal de casa com as flores, mostravam que estavam em busca de um amor. Nas peças do teatro kabuki, o cenário do bairro das gueixas é freqüentemente ilustrado pelas flores de cerejeiras para representar a alegria dessa região de entretenimento. Segundo Emiko, a flor também tem uma simbologia negativa: um galho quebrado de cerejeira também pode significar a aproximação da morte. “Acredita-se o que sakura é a ligação entre o mundo dos vivos e dos mortos, e que a alma dos mortos é absorvida pelas árvores das cerejeiras”, finaliza.

Tomodati Magazine Edição nº12

Golfe
Um esporte pouco conhecido pela maioria, mas que a cada ano conquista mais adeptos

Por Renata Giovanelli


A origem desse esporte tem várias versões. Uma das mais prováveis é que os escoceses o tenham criado por volta de 1.400 uma vez que foram eles em 1457, a mando do rei James II, a proibir a prática do golfe, por considerá-lo um divertimento que afetava os interesses do país, devido à dedicação e ao tempo que o esporte exigia.

O golfe no Brasil

A chegada do esporte ao Brasil ocorreu de forma curiosa. No final do século XIX, engenheiros ingleses e escoceses que construíam a Estrada de Ferro São Paulo – Jundiaí, a São Paulo Railway, convenceram monges beneditinos a ceder parte do terreno do Mosteiro de São Bento para a construção do primeiro campo de golfe do país, na região atualmente situada entre a Estação da Luz e o rio Tietê.

A expansão da cidade em direção ao rio obrigou a transferência do campo que foi estabelecido definitivamente em 1915, na região de Santo Amaro, com o nome de São Paulo Golf Club.

Em Campinas o esporte chegou em 1958, com a fundação do Clube de Golfe de Campinas. De lá para cá, ao longo destas quatro décadas, os brasileiros começaram a conhecer melhor o golfe e se interessar pela prática.

Segundo a Confederação Brasileira de Golfe (CBG), o golfe nunca esteve melhor. Hoje são 20 mil golfistas, sendo que em 2000, eram cinco mil em todo o País. No Estado de São Paulo são 10 mil praticantes, 6.500 só na Capital. Existem ainda 105 campos de golfe no Brasil, 77 filiados e o restante particular ou de condomínio. “A tendência para este ano é de um crescimento de cerca de 12% em número de novos jogadores”, diz o presidente da CBG em entrevista a Tomodati Magazine, Álvaro Almeida.

Além dos campeonatos tradicionais como o Campeonato Amador de Golfe do Brasil que é um dos mais disputados eventos do esporte no país, a CBG está na 2ª edição do circuito “Conheça o Brasil Jogando Golfe”. “E para o próximo ano está sendo preparado o 1o. Congresso do Golfe Brasileiro, que contará, em seu encerramento, com uma grande publicação tanto com as conclusões do Congresso, como com um anuário de 2005”, acrescenta Álvaro.

A paixão pelo esporte

O jogador profissional Leonardo Sacramento Yoshikawa de 26 anos, começou a praticar o esporte quando criança. Hoje é um dos poucos profissionais do Brasil autorizados a dar aula de golfe com grau superior.

O atleta conta que apesar da evolução o esporte ainda não está 100%. “No Brasil temos poucos torneios, e aí não temos ritmo de jogo. Os valores dos prêmios são baixos se comparados a outros Paises. Espero que com o crescimento eminente do golfe isso venha a melhorar nos próximos anos”, conta Leonardo.

Para Edson e Dulce Yashikawa, pais de Leonardo, no começo não eram fã do esporte. “Na realidade sempre joguei voleibol e o Edison futebol. Sempre pensamos que golfe era para velhos e queríamos praticar esporte para jovens e hoje nossa família vive para o golfe como esporte, o que nos deixa muito unidos”, finaliza Dulce.
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Menopausa japonesa


Orientais sofrem menos com os efeitos do climatério dos que as mulheres ocidentais

Por Renata Giovanelli


Quando a palavra menopausa é citada, logo é associada à idéia de ondas de calor e outros sintomas debilitantes, como se fossemos perder o viço e a feminilidade pelo simples fato de não menstruar mais.

Em algumas sociedades a juventude e a fertilidade são mais valorizadas e quando a mulher entra na menopausa passa a se sentir vazia e improdutiva, por isso a menopausa representa o medo de envelhecer e a sensação de inutilidade.

O que é


Menopausa é o momento da vida da mulher em que ocorre a última menstruação. A fase que segue depois da menopausa é chamada de pós-menopausa. Já o climatério é o período de tempo em que a mulher passa pela transição da fase reprodutiva para a fase de pós-menopausa. Dessa forma, a menopausa é um fato que ocorre durante o climatério. No climatério, há uma diminuição das funções ovarianas, fazendo com que os ciclos menstruais se tornem irregulares, até cessarem por completo.

Os sintomas mais comuns do climatério são: ondas de calor (fogachos), principalmente no colo e no rosto; suor noturno; secura vaginal; diminuição da libido; variação de humor; intolerância; ansiedade e depressão. “Todas as mulheres passam por esta fase, assim como passaram pela adolescência. O que varia é a intensidade dos sintomas em cada uma delas”, diz o médico ginecologista Dr. Roberto César Forte.

Nas orientais

Esses sintomas acometem aproximadamente 80% das mulheres ocidentais, enquanto que nas orientais fica por volta dos 20%. “O que explica essa diferença são os fatores culturais e ambientais como, por exemplo, alimentação a base de soja explica parte dessa ausência de sintomas assim como as estatísticas em que as japonesas aparecem com risco de desenvolver câncer de mama quatro vezes menor ao das mulheres ocidentais”, revela Dr. Roberto.

Segundo pesquisadoras canadenses que fizeram uma pesquisa entre 1983 e 1984 e entrevistaram mais de 1.400 mulheres, apenas 15% das japonesas registram algum tipo de desconforto com essa fase de transição. Elas observaram, por exemplo, de que a experiência melhor ou pior dessa fase da vida depende, e muito, da personalidade de cada uma e seu estado de espírito. Mas as características da cultura japonesa exercem uma grande influência sobre a vivência que suas mulheres têm do konenki shogai, o termo usado no país para menopausa. A experiência de sintomas é tão baixa que a maioria das japonesas não distingue entre os efeitos característicos do konenki shogai, como dores de cabeça e nas juntas, inchaço dos ombros e zumbido no ouvido, de outros típicos do envelhecimento como a perda da visão e o embranquecimento dos cabelos.

Quando acontece

Embora a faixa de idade varie de acordo com as características de cada mulher, segundo o médico ginecologista a menopausa natural ocorre geralmente entre os 45 e 55 anos e apenas é estabelecida quando a mulher deixa de mestruar durante um período contínuo de um ano. “Fatores como o stress, a depressão, a exposição a certos produtos tóxicos como cigarros e álcool podem antecipar a chegada da menopausa”, informa Dr. Roberto.

Os desconfortos da menopausa são causados pelos esforços que o organismo faz para se adaptar às oscilações dos níveis hormonais que, muitas vezes, são fortemente acentuados pelo estilo de vida e alimentação das pessoas. “Um tratamento eficaz para minimizar a maioria dos sintomas da menopausa é a soja que é rica em fitoestrogênios, substância presente em outros vegetais, com ação igual ao estrogênio”, revela o médico.

O tratamento

O tratamento do climatério não é obrigatório, mas sim uma opção. “O tratamento depende de cada paciente e de como ela está se sentindo, já que umas sofrem mais do que outras, por isso tem que ser individualizado” finaliza Dr. Roberto.

Curiosidade - no Japão não existe uma palavra para designar as ondas de calor, popularmente chamadas no Ocidente de fogachos.
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Cultura através da culinária

O empresário e culinarista Roberto Moriya trás novo conceito para culinária oriental

Por Renata Giovanelli


Ao longo de seus 50 anos, Roberto Moriya desenvolveu um hobby: a culinária japonesa. Há anos o empresário vem se aperfeiçoando, participando de cursos avançados e praticando os conhecimentos em seus restaurantes, o Yaki-Ten e a Yakisoba-Ya.

Hoje, como empresário do segmento de culinária oriental, decidiu ministrar cursos envolvendo a cultura japonesa para difundir seus conhecimentos, não só entre a comunidade nikkey, mas também entre os não descendentes, visando à popularização da culinária. “Quero passar para as pessoas o conhecimento que adquiri, é e claro aprender cada vez mais através delas”, afirma Moriya.

O seu objetivo é preservar a cultura nipônica em uma atmosfera oriental e ao mesmo tempo contemporânea. Para a viabilizar e realizar o seu sonho, Roberto conta com o apoio da Indústria Agrícola Tozan LTDA, Bom Peixe e Fênix distribuidora de produtos orientais.

O curso

O curso básico de sushi e sashimi teve inicio em dezembro de 2004 e já contou com a participação de mais de 200 pessoas. “O curso é para os amantes de culinária, por isso temos um publico bem misto, que vai dos 20 aos 50 anos de idade”, revela Moriya.

Além do curso, desde julho Roberto vem ensinando receitas através do programa de televisão que vai ao ar todo sábado na Rede Família. “Como o tempo é curto, o programa é bem compacto e nele ensino o publico a fazer receitas rápidas, diferente das aulas no restaurante que visa ensinar o cuidado na hora de escolher os alimentos, o modo de preparo do prato é por ultimo como deve servir, já que a apresentação é muito importante”, informa.

Quem quiser participar da gravação é só entrar no site
www.yaki-ten.com.br e se cadastrar. Os convidados além de aprender poderão degustar o prato ao final do programa.

A idéia do curso de culinária começou com a vontade do culinarista, Roberto Moriya em quebrar o estigma de que “comida japonesa é comida crua”. “Com ele posso mostrar a minha cultura oriental e ensinar que temos uma variedade muito grande de pratos quentes e frios”, diz.

Visando a ampliação do curso, Roberto está desenvolvendo no restaurante e eventos Yaki-Ten, uma cozinha experimental, onde ensinara pratos quentes além do tradicional sushi e sashimi e com esse espaço cada aluno poderá desenvolver e inovar a cada receita dada.

Os restaurantes

Tendo sempre grande preocupação com a higiene e a qualidade dos alimentos, o Yaki-Ten procura utilizar alimentos naturais e com menos produtos químicos. O Yakisoba-Ya também apresenta esse diferencial. “Nosso organismo sofre muito com a poluição, o stress, a correria. Os alimentos devem ser uma fonte de energia saudável ao nosso corpo, e o investimento pode ser feito em cima dos produtos orgânicos, como um presente para nós mesmos”, afirma Moryia.

Esse tipo de cuidado fez com que um grupo de alunos do curso de Engenharia de Alimentos da Unicamp estudasse o funcionamento do Yaki-Ten. O trabalho fala sobre a preparação dos pratos e os cuidados desde a escolha dos alimentos, o que garante uma alimentação mais equilibrada e saudável, além dos benefícios para o organismo humano. A escolha emocionou o proprietário. “A tese é o reconhecimento que obtive depois de tanta dedicação ao trabalho que venho realizando. Estou muito feliz e agradeço a oportunidade de poder falar sobre a importância de uma alimentação saudável”, conta. “Esse restaurante é a realização de um sonho e as coisas têm dado muito certo e tenho como base um tripé, o restaurante, os eventos que organizamos e por fim o curso, os três são a base desse sucesso”, comemora Moriya.

Serviço:
Restaurante Yaki-Ten
Rua Professor Atílio Martini (1ª direita após o Mc Donalds), nº192, Barão Geraldo, Campinas.
Mais Informações: (19) 3289-5122.
www.yaki-ten.com.br

Tomodati Magazine edição nº11

Rumo aos Abertos do Interior de Botucatu
Pelo quinto ano consecutivo, Campinas é vice no 49º Jogos Regionais, em Araras

Por Renata Giovanelli

A equipe de Campinas conquistou o segundo lugar no 49º Jogos Regionais, realizado na cidade de Araras, entre os dias 04 a 17 de julho. O primeiro lugar ficou com a cidade de Americana pela diferença de apenas 16 pontos (266 a 240). A 3ª colocada foi Paulínia, com 220 pontos. Os dois primeiros lugares de cada modalidade estão automaticamente classificados para os Jogos Abertos do Interior de Botucatu, que será realizado em outubro. Com isso, a campanha da delegação campineira nos Regionais fez com que 17 equipes garantissem vaga para os Jogos de Botucatu. “Já esperávamos uma boa colocação nos Regionais. Nossa expectativa agora é estar entre as 20 primeiras colocações”, conta o assistente de chefia da delegação campineira, Sergio Luis Giacomello.


Nikkeys

Os representantes nikkeys também deixaram sua marca nos Jogos Regionais. O destaque principal ficou com a bicampeã paraolímpica Fabiana Sugimori, da equipe Tênis Clube/Loterias/Caixa/Medley/Speedo, que conquistou ouro nas duas categorias que participou (50m e 100m livres). “As duas provas foram tranqüilas”, disse Fabiana, em entrevista para a Tomodati Magazine. A nikkey, que está se preparando para os Jogos Pan-Americanos de Cegos - que será realizado em setembro na cidade de São Paulo - vem treinando em ritmo acelerado para buscar mais uma conquista. “Estou classificada para os Jogos Abertos de Botucatu, mas não sei se poderei participar, por conta de outros campeonatos que irei disputar e dos meus treinos focados no Pan-Americano dos cegos”, confessa. Desde 2000 quando participou pela primeira vez dos Regionais, Fabiana Sugimori sempre conquistou o espaço mais alto do pódio.

Outros nomes nikkeys apareceram na lista dos atletas que representaram Campinas nos Jogos. Na natação, Denise Miwa Kijamra ficou com o oitavo lugar na prova dos 100m borboleta e Mariana Murayama do judô conseguiu a quinta colocação na categoria médio (70Kg). Além disso, os nadadores paraolímpicos de Campinas mantiveram a hegemonia e garantiram nove medalhas de ouro. A deficiente física Caroline Wernek e o atleta cego André Meneghetti, da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), por exemplo, conquistaram três ouros (50m e 100m livres e 50m costas, respectivamente).

Coletivos e Individuais

No futebol, os rapazes e as meninas do Guarani garantiram o título nas categorias masculino Sub-21 e feminino livre (sem limite de idade). O ouro também veio para os jogadores da Wizard/Campinas e as garotas do vôlei, ambos na categoria livre. Já o basquete feminino (Seleção Campineira) e o masculino (Regatas) perderam na final e ficaram com a prata. Quem também ficou com a 2ª colocação foram os atletas bugrinos do futsal.

Nos esportes individuais, a equipe do Regatas na ginástica rítmica desportiva (GRD) e olímpica (GO) abocanharam o ouro. A equipe feminina de atletismo da Orcampi/Unimed confirmou o favoritismo e ficou em 1º lugar. No masculino, os rapazes garantiram a 2ª colocação. O destaque das meninas ficou para Kamilla Miranda, que faturou cinco medalhas de ouro (100m, 200m e 400m rasos e 4x100m e 4x400m). E quem subiu mais vezes no pódio foi Sinval Silva, faturando seis medalhas. Um ouro nos 110m com barreiras, três pratas (400m com barreiras, e revezamentos 4x100m e 4x400m) e dois bronzes (salto com vara e salto em distância).

A equipe de taekwondo da Ponte Preta também subiu ao pódio. Com os resultados individuais, o masculino ficou em 1º lugar e o feminino garantiu a 2ª colocação. A estrela da equipe campineira foi Natália Falavigna, que ficou com a medalha de ouro na categoria mais de 67kg. Natália foi campeã do Mundial deste ano, tornando-se a primeira brasileira campeã na história dos mundiais.

O ouro também veio no xadrez masculino e feminino. Na dama, esporte misto e vôlei de praia, Campinas ficou em 3º lugar. “A equipe de dama foi a que mais surpreendeu, pois não estávamos esperando esta colocação, já que é uma equipe nova”, comenta Sergio Luis Giacomello.

Colocação dos municípios:
1- Americana – 264 pontos
2- Campinas – 240 pontos
3- Paulínia – 220 pontos
4- Limeira – 194 pontos
5- Araras – 191 pontos
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PRISÃO DE VENTRE

Por Renata Giovanelli


A dificuldade de evacuar, conhecida como constipação intestinal, ou "prisão de ventre", é a conseqüência da permanência prolongada do conteúdo fecal no intestino, situação que favorece as formações excessivas de gases, que pode levar à dor e maior esforço defecatório, o que pode ocasionar fissuras anais e até hemorróidas.

Essa é a explicação técnica do problema que, de acordo com a Associação Americana de Gastroenterologia, cerca de 20% da população brasileira sofre. Outro dado curioso é que os sintomas da dificuldade de evacuar são três vezes mais freqüentes em mulheres e as causas são as mais diversas, indo desde timidez em usar outro banheiro que não seja o habitual, até influências de algum medicamento, como por exemplo, analgésicos e antidepressivos. Além destes fatores, uma dieta pobre em fibras, pouca ingestão de líquidos e o não-atendimento à "chamada" da evacuação também podem causar a prisão de ventre.

Doenças

Segundo especialistas, a prisão de ventre é um sintoma de que algo está errado. Ela pode indicar a existência de doenças como o hipotiroidismo, distúrbio no metabolismo de cálcio, intoxicação pelo chumbo, hérnias internas, doença de chagas e até câncer.

Geralmente as pessoas pensam que a constipação intestinal não está ligada a problemas graves de saúde e sim à simples dificuldade de evacuar. Porém, este pode ser o fator inicial de muitos problemas futuros. “As fezes que permanecem no intestino por longos períodos ficam desidratadas, liberando radicais livres, que são como verdadeiras bombas atômicas para o corpo, podendo gerar disfunções sérias”, relata o gastro/proctologista Dr. Marcelo Dionísio Ferreira Rocha.

De acordo com Dr. Rocha, a constipação pode ser classificada em três tipos: a simples, que é clinicamente de curta duração; a crônica, sem causas orgânicas conhecidas, que pode mostrar alterações da motricidade (movimento peristáltico) e a orgânica, que gera uma alteração estrutural. “A prisão de ventre pode ocorrer quando o paciente evacua menos de uma vez a cada três ou quatro dias ou há excessiva dificuldade para defecar, e, nesses casos, a pessoa deve procurar um médico”, alerta.

Tratamento

O especialista também fala sobre o cuidado especial que as pessoas devem ter em relação aos laxantes, principalmente quando usados sem orientação médica. “Esses produtos podem causar danos e terem efeito irritativo sobre a mucosa e o sistema neuromotor do intestino. Além disso, pessoas com alterações cardíacas ou renais podem apresentar piora aguda de suas doenças por perda excessiva de líquidos e minerais eliminados com as fezes, além de provocarem uma piora acentuada da própria constipação, pois eles acabam por inibir os movimentos intestinais”, informa Dr. Marcelo Rocha.

Um estudo feito em 1998 pelo Departamento de Cirurgia Colorretal da Cleveland Clinic Florida, nos Estados Unidos, mostrou que 40% dos pacientes que usaram laxantes três ou mais vezes por semana, durante mais de um ano, apresentaram lesões na anatomia intestinal. Por isso, o especialista afirma que a quantidade recomendada no uso de laxantes (para que não haja futuros danos à saúde) é a menor possível. “A freqüência ideal é o mínimo tempo necessário para regularizar o funcionamento intestinal”, explica Rocha, lembrando que para prevenir a prisão de ventre, as pessoas devem fazer uma reeducação alimentar. “A ingestão de concentrados de fibras e a criação de hábitos para evacuar com regularidade podem ajudar a regularizar o funcionamento do intestino”, garante o médico.

Alimentação e Fibras

Especialistas classificam as fibras de duas maneiras, de acordo com a sua solubilidade. As solúveis, que quando hidratadas formam uma espécie de gel que tem como resultado a diminuição do colesterol, retardo na absorção da glicose e protege contra o câncer de colorretal - estas fibras estão presentes em frutas, verduras, leguminosas (grão-de-bico, soja, lentilha, feijão, ervilha). E as insolúveis, que têm como função aumentar o bolo fecal e diminuir o tempo de trânsito intestinal.

Segundo a nutricionista Cláudia Contin Nakasa, para o bom desempenho do intestino uma dieta rica em fibras com muita ingestão de líquidos é a melhor solução. “A fibra protege nosso organismo de várias patologias, como diabetes mellitus, obesidade, doenças gastrintestinais e cardiovasculares”, ressalta a nutricionista, informando que estas fibras podem ser encontradas no farelo de arroz e trigo, grãos integrais e em verduras.

A recomendação diária da nutricionista é de 20 a 30g de fibras por pessoa (adulto). Porém o consumo deve ser feito de uma forma gradual. “Pessoas que não estão acostumadas com o consumo de fibras, podem apresentar alguns desconfortos como gases, cólicas e desconforto intestinal. As necessidades das quantidades de fibra podem variar de um indivíduo a outro, vai depender do organismo de cada um”, finaliza Cláudia.

Dicas
Oferecidas pela Nutricionista Cláudia Contin Nakasa:

Sempre que consumir fibras, lembre-se de consumir água (de 6 a 8 copos ao dia), para facilitar a hidratação das fibras.
Consuma as frutas com casca e bagaços, pois elas ajudam no bolo fecal
Prefira alimentos integrais aos refinados
Atividade física ajuda a melhorar o movimento intestinal
Evite carne vermelha, açúcar, goiaba, banana maçã, refrigerantes, batata, pão branco, chocolate, chá mate e chá preto, pois eles podem provocar prisão de ventre e dificultar o trabalho intestinal

Fontes: (Colocar naquela caixa vermelhinha)
Dr. Marcelo Dionísio Ferreira Rocha – (19)3235-1745
Cláudia Contin Nakasa - (19)3252-7129 / (19)3295-7315



Tomodati Magazine Edição nº10

COMO MANDA O FIGURINO

Um dos aspectos indispensáveis da cultura japonesa é o uso da boa etiqueta na hora de comer. Conheça alguns dos bons modos que devem fazer parte da sua refeição.

Por Renata Giovanelli

Os japoneses têm suas regras de etiqueta, inclusive no momento da refeição. Para esclarecer as dúvidas dessa cultura milenar, a Tomodati Magazine conversou com a nissei Marilha Elli Maruyama. Com um conhecimento de mais de 30 anos de profissão, Marilha também é tradutora e, desde 2002, dá aulas na Prática de Formação da PUC-Campinas. Abaixo, seguem algumas regras básicas que a professora destaca na entrevista.

Colocando a mesa

Para preparar um jantar tipicamente japonês alguns detalhes importantes devem ser seguidos. Os recipientes (tchawan) têm lugar certo na mesa. À direita do visitante deve ser colocado o tchawan com a sopa, o missô; à esquerda é colocado o recipiente com o arroz, e em frente a este se coloca o aparta talheres, ou hashiok. Além do arroz e do missô, outras três guarnições são servidas e colocadas atrás destes. Se os recipientes tiverem um desenho (de enfeite), eles devem ser arrumados de forma que fiquem de frente para cada pessoa, e não de forma desordenada. “Essa disposição é para não quebrar a harmonia com a natureza. Primeiro deve-se comer com os olhos e por isso a disposição é muito importante”, revela a professora.

O hashi

Há dois tipos de hashi, o de uma ponta (que é o mais comum) e o de duas pontas, uma para comer e outra para pegar as misturas. “O de duas pontas é mais utilizado em grandes festas, com petiscos. Em vez de trocar toda vez o hashi e só virá-lo”, explica Marilha. Uma dica importante é, quando a mesa não tem o hashioki, deve-se utilizar o próprio papel que envolve o hashi para apoiá-lo. Para isso, cada um faz uma dobradura como se fosse um nó e, ao terminar de utilizar o hashi, é só esconder a parte suja no meio do nó. Além disso, o hashi deve ser separado na horizontal e não na vertical, com um movimento suave. "Nunca se deve gesticular com o hashi na mão e muito menos espetá-lo no arroz ou em qualquer outro alimento”, informa Maruyama.

O oshibori

Aquela toalhinha que o garçom traz logo que os clientes chegam, o oshibori, é para limpar as mãos, assim que se sentam à mesa. Segundo a professora, a função do oshibori está ligada somente às mãos. “Como os japoneses não têm o costume de lavar as mãos, o oshibori serve para assepsia, e não para limpar o rosto como muitas pessoas fazem”, conta. Após utilizado, o oshibori deve ser dobrado em quatro e colocado na bandeja novamente para o garçom recolher.

Ordem dos pratos

Ao começar o jantar japonês, Marília afirma que deve-se tomar a sopa (missoshiro) para limpar a garganta e aguçar o paladar de outros pratos. Ao colocar o tchawan de sopa à mesa, a tampa deve estar parcialmente aberta na direção da visita, pois quando ela for levantar a tampa, o aroma irá em sua direção. O missoshiro deve ser levado à boca com as duas mãos. No caso do lamen - que contém ingredientes sólidos, como tofu - os hashis podem auxiliar. Quando terminar a sopa só se deve tampar o recipiente quando ele estiver completamente vazio; caso contrário a pessoa deve deixar a tampa semi-aberta para a direita. “Assim o garçom sabe que há alguma coisa dentro e não corre o risco de derramar”, esclarece Marilha.

Outro detalhe importante é trazer o recipiente até você e não ir até ele. “Com a mão esquerda você pega o recipiente e com a direita você come com o hashi. Quando for um sushi ou sashimi, você traz o recipiente de shoyu ou coloca mão em baixo”, informa.

Barulho

Segundo a professora de cultura japonesa fazer barulho ao tomar sopa, ou ao comer macarrão, não é aconselhado. “Os japoneses têm esse costume porque geralmente os alimentos estão muito quentes e eles fazem barulho para evitarem de queimar a boca. Mas isso não é correto pois o ideal é comer o mais silencioso possível”, garante. Marília também ressalta que um dos grandes segredos dos japoneses para a longevidade está na alimentação e na harmonia que envolve esse momento. “O alimento deve aguçar todos os sentidos, sendo cheiroso, saboroso, colorido, enfim, tudo o que for possível para se apreciar a alimentação”, finaliza.

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Asma Brônquica

Crescente a cada ano, essa doença é grave e atinge toda a população mundial

Por Renata Giovanelli

A asma brônquica é um distúrbio inflamatório crônico dos pulmões caracterizado por chiado, falta de ar, opressão torácica e tosse. Com a estimativa de que 100 milhões de pessoas em todo o mundo sofram com o distúrbio, a asma crônica costuma surgir nos dois primeiros anos de vida, e tem maior incidência em crianças com menos de nove meses. Mas os adultos também podem sofrer do mal e, embora o número de casos aumente no inverno e no início da primavera, não se deve subestimar a probabilidade da doença no verão.

Popularmente conhecida como bronquite, o distúrbio é por vezes uma doença grave e potencialmente fatal. Apesar dos esforços para reduzir a morbidade e a mortalidade associadas à asma, a doença parece estar em ascensão, especialmente entre crianças. Mas embora não haja cura, a asma pode ser controlada, permitindo que a maioria das pessoas leve uma vida produtiva normal.


Além dos hábitos de vida saudável, as pessoas que sofrem desse mal devem evitar ficar expostas aos alergênios. “Geralmente essas pessoas têm alergia à poeira, alguns tipos de perfume, fumaça de cigarro, entre outros, e se forem expostas a eles podem resultar em crises”, informa o pneumologista Dr. Pedro Pires de Campos Neto.

Sintomas

A respiração difícil, tosse persistente, dor no peito, febre, expectoração e sensação de angústia por falta de ar são as principais características. Essa situação pode ser agravada pelos fatores psicológicos. Ou seja, ao iniciar a manifestação de um ataque, a própria ansiedade pode ajudar no desenvolvimento da crise.

Cura

A asma não tem cura. Ou seja, as pessoas suscetíveis mantendo os bons hábitos, podem viver como se não tivessem a doença, mas é preciso tomar cuidado para não ficar exposto e manifestar uma crise. “É como se as bactérias ficassem em estado latente nas vias aéreas do indivíduo. Portanto, o melhor tratamento é a prevenção”, conta Dr. Pedro.
Além de evitar os fatores desencadeantes da asma, a medicação pode ser essencial para controlar a natureza crônica e episódica da asma. “A cada ano surgem novos medicamentos com efeitos colaterais menores, o que ajuda e muito os pacientes. Os remédios servem para que as crises sejam cada vez menores”, diz o pneumologista.

Bronquite Aguda

A bronquite aguda é uma doença respiratória aguda, com tosse intensa e prolongada, que persiste por mais tempo após o desaparecimento dos outros sintomas respiratórios. A doença pode tornar a árvore brônquica mais sensível ao ar frio e a poluentes como a fumaça do cigarro, fazendo com que o indivíduo tenha tosse intensa quando se defronta com tais situações.

Dr. Pedro explica que esta é uma doença que ocorre mais no inverno. Ela é quase sempre causada por viroses que atacam a mucosa (camada interna) dos brônquios, causando a infecção. “Na maioria das vezes, as mesmas viroses que causam resfriados, causam a bronquite aguda”, informa o pneumologista.

A maioria dos casos de bronquite aguda resolve-se por si própria no decorrer de poucos dias ou em uma semana. “O que geralmente se utiliza nesses casos é medicamento para melhorar a tosse e o desconforto respiratório. Também é importante lembrar que a cessação do fumo torna a cura mais rápida”, revela Dr. Pedro Pires de Campos Neto.

Fisioterapia

A fisioterapia respiratória é uma especialidade que atua tanto na prevenção quanto no tratamento das pneumopatias, visando a reabilitação pulmonar em diversas patologias do aparelho respiratório, melhorando a condição física de paciente com asma brônquica, bronquiolite, pneumonia, entre outras.

A técnica é aplicada através de manobras específicas. “Trata-se de uma reeducação respiratória pode ser feita através de exercícios e padrões respiratórios, para assim, prevenir futuras complicações”, informa a fisioterapeuta Paola Bombassaro.

As sessões duram em torno de 30 a 45 minutos uma ou duas vezes por semana, podendo a chegar a mais vezes dependendo do grau da patologia.

Os resultados são imediatos principalmente quando o paciente apresenta muita secreção e/ou siilos (chiado), mas a fisioterapia pode até se tornar constante na vida do paciente crônico. “A fisioterapia respiratória auxilia o tratamento medicamentoso (médico) e pode ser considerada complementar ou alternativo”, diz a fisioterapeuta.

Atividade Física

A doença por si só não impede boas performances. De um modo geral Qualquer atividade física é importante. Entretanto, durante as crises, nenhuma atividade física deve ser praticada.

Os exercícios físicos para os asmáticos, funcionam como remédio tendo como uma de suas características principais o aumento da ventilação nos alvéolos facilitando a passagem do ar mantendo todo a aparelho respiratório em bom estado. “A atividade física é muito importante para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, fortalecendo as vias respiratórias todos, não a penas para as pessoas que tem bronquite, para elas é essencial”, finaliza Dr. Pedro.

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TRADIÇÃO PRESERVADA

Pouca gente sabe, mas nikkeys de Campinas praticam o chamado Sumô de Okinawa, muito diferente da luta tradicional que conhecemos

Por Renata Giovanelli

A origem do sumô confunde-se com a própria origem mitológica do Japão. Os registros indicam que o sumô nasceu há pelo menos dois mil anos atrás. Ainda hoje a prática do sumô conserva e preserva valores e conceitos fundamentais através dos ritos de abertura, apresentação de seus lutadores, simbolismo do sal, da água, dos cumprimentos e reverências, entre outros signos que cercam essa manifestação cultural.

Dois estilos

Existem dois tipos de sumô: o de Okinawa e o tradicional japonês, que é o mais conhecido. Embora ambos utilizem uma arena circular para os combates, há vários aspectos diferentes. O “sumô de Okinawa” exige a utilização de uniformes pelos atletas. “Usamos um kimono que é semelhante ao do judô, ao invés de usar tangas como é no sumô tradicional”, conta o lutador e comerciante, Nivaldo Kinjo, que pratica sumô de Okinawa há 23 anos e hoje também é treinador da equipe de Campinas.

Nivaldo explica que o sumô de Okinawa é considerado um esporte com índice de acidentes baixo perante os outros, principalmente em comparação com o estilo tradicional. “Isso se deve ao local da luta. No nosso estilo a arena onde ocorre a luta é forrada com areia branca, que é mais fofa, amortecendo a queda, diferentemente do sumô tradicional, onde a areia é batida e em um nível mais alto do chão”, informa.

As regras também são diferentes. Vence aquele lutador que conseguir aplicar os golpes e derrubar o oponente de costas dentro do limite da área de luta. Os competidores se seguram simultaneamente em uma faixa que é diferenciada pelas cores vermelha e branca que ficam amarradas na cintura de cada competidor. As cores remetem a bandeira do Japão, que é branca e vermelha.

No Brasil e em Campinas

O sumô chegou ao Brasil com os imigrantes japoneses no início do século 20. O primeiro campeonato do sumô tradicional do Japão foi realizado na colônia de Guatapará, no interior paulista, em 1914. Em 1962, foi criada a Federação Paulista de Sumô, e em 1998, a Confederação Brasileira de Sumô. Em 2000, o Brasil sediou o Campeonato Mundial no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Foi a primeira vez que o torneio foi disputado fora do Japão. O sumô de Okinawa veio junto com os imigrantes dessa ilha japonesa. Ele começou a ser praticado como uma forma de manter a cultura, hábitos, costumes e o convívio com as pessoas da terra natal, mantendo assim a tradição e a memória.

A Associação Okinawa Kenjin de Campinas vem desenvolvendo trabalhos de divulgação do sumô de Okinawa, que é um esporte pouco conhecido, tanto para os descendentes como os não-descendentes. A equipe de Campinas está se preparando para a seletiva que vai ocorrer em setembro, envolvendo todas as associações Okinawa Kenjin do Brasil. A seletiva vai selecionar atletas para participar do mais importante festival de Okinawa no Japão, que é em outubro. No ano passado a equipe de Campinas participou do Campeonato Internacional de Sumô de Okinawa, que foi realizado na Bolívia para comemoração dos 50 anos da colônia okinawana desse país. A equipe trouxe premiações nas oito categorias que participou.

Hoje a equipe é formada por 60% de jovens. “Os ensinamentos começam aos 12 anos de idade, com as técnicas, regras, aplicações dos golpes e a prática”, finaliza o professor.

Serviço

Sumô de Okinawa
Todo domingo, às 16h, no Okinawa
Informações: (19) 3242-9022

Tomodati Magazine Edição nº09

Cabelos Brancos

O que fazer quando eles começam a aparecer

Por Renata Giovanelli

Há quem ache charmoso. Na cultura oriental, significa sabedoria e respeito. Para outros, é sinal de envelhecimento. Os cabelos brancos são mais bem aceitos pelo sexo masculino, e geralmente muito mal aceitos pelo sexo feminino. E quando surgem os temíveis fios brancos, a maioria das mulheres corre para tingi-los.

O cabelo tem o seu próprio ciclo de vida, e por isso também envelhece. Assim como ocorre com a pele, a cor do cabelo é definida por um pigmento chamado melanina. Ele é fabricado por células chamadas melanócitos, que se localizam nas paredes do folículo piloso e do bulbo que envolve a raiz do pêlo. Para que os melanócitos possam produzir o pigmento, entra em ação a enzima tirosinase.

Segundo a dermatologista Sandra Tagliolatto, quando há alguma falha na produção dessa enzima os novos fios nascem sem cor. “O processo de envelhecimento atinge os vasos capilares, fazendo com que eles percam a capacidade de levar os nutrientes necessários para a produção de melanina", esclarece.

De acordo com dados da Oxford Hair Foundation, entidade inglesa de estudos sobre o cabelo, aos 50 anos, metade da população em geral tem pelo menos 50% de fios brancos. O processo costuma começar entre os 30 e 40 anos, mas com os jovens também existe a possibilidade de perda na pigmentação dos cabelos.

Nesses estudos foi observado que a velocidade de embranquecimento dos fios era diferente nas raças. Aos 45 anos, 80% dos brancos já têm fios brancos. Entre os orientais cerca de 80% apresenta cabelos grisalhos aos 50 anos. Já entre os negros, a mesma proporção da população só tem cabelos brancos aos 55 anos.

Arrancando os cabelos

Cientistas já (literalmente) arrancaram os próprios cabelos para investigar os fios brancos. "Até hoje a medicina não explica 100% deste fenômeno", diz a dermatologista. Fatores genéticos e hereditariedade podem ser o estopim do processo de embranquecimento. Além disso, estudos recentes mostraram que o fumo e os diabetes, por alterarem a irrigação da raiz, também podem levar ao embranquecimento.

Segundo a Dra. Sandra, o mito de que o estresse causa o cabelo branco surgiu quando a rainha Maria Antonieta foi condenada à morte, na Revolução Francesa, em 1789. “Nessa época os ricos pintavam os cabelos, mas como ela passou um ano na cadeia não pôde fazê-lo. Quando ela saiu (para a sua sentença, que era a decapitação) as pessoas se assustaram ao vê-la com os cabelos brancos, e acabaram associando com o estresse que ela havia passado”, conta a dermatologista.

Tintas

A única saída para quem não é feliz com os fios brancos é a tinta. Dra. Sandra afirma que os produtos via oral que prometem tonificar o cabelo ainda têm resultados desanimadores. “Infelizmente, não há tratamento para evitar o nascimento dos fios brancos, o que se pode fazer é tomar algumas vitaminas e antioxidantes para prevenir. Mas para camuflar, a única saída é a tintura”, revela.

A dermatologista também fala que, ao contrário do que se imagina, os cabelos brancos são muito resistentes, mas nem por isso as pessoas devem deixar de lado alguns cuidados especiais. “É necessário proteger esses fios para que não fiquem amarelados, o que deixa um aspecto desleixado. Para evitar esse aspecto desleixado, é recomendado o uso de xampus especiais, encontrados em supermercados”, informa.

Mitos mais comuns

Conheça os mitos que mais envolvem o cotidiano das pessoas, quando o assunto é cabelos brancos.

Durante a gravidez aparecem mais fios brancos
MITO. A alteração hormonal deste período não causa o aumento dos fios brancos. Ao contrário, pode até melhorar a qualidade do cabelo, mesmo que temporariamente.

Ao arrancar um fio branco, outros dois nascem no lugar
MITO. Os fios brancos nascem gradativamente. "Não há nenhuma evidência científica que confirme, é apenas uma lenda”, garante Dra. Sandra.

O cabelo grisalho é mais frágil
MITO. A aparência pode até ser de fragilidade, reforçada pela idéia de que o idoso é mais fraco, mas o fio branco, ao contrário do que parece, é bastante resistente. Ele também é mais resistente a quedas. Um fio branco pode ter vida útil de até sete anos.

Cuidados ao tingir

Para colorir os cabelos brancos com uniformidade é muito importante o trabalho de um bom profissional. "Nem todas as cores pegam bem nos brancos", informa o cabeleireiro Xuxa, do Seiryu Hair Make-Up. Além de dominar a técnica, vários procedimentos devem ser analisados antes de passar alguma coisa no cabelo.

Quando começa a aparecer alguns fios brancos a alternativa para quem não quer tingir é fazer mechas ou usar um tonalizante. Mas para quem tem mais de 30% de fios brancos, a coloração permanente é a solução. “Com ela você cobre todos os cabelos brancos; as mechas e o tonalizante vão só disfarçar”, diz Xuxa.

Hoje já tem no mercado a tinta branca, para aqueles que querem deixar ao natural, igual à atriz Glória Menezes. “A tinta não clareia o cabelo, só da um brilho, uma coloração prata ao cabelo branco, eliminando o tom amarelado”, revela o cabeleireiro.

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Missô

Por Renata Giovanelli

A soja chegou ao Japão (por volta do século 06 d.C.) oriunda da China - que já consumia o produto desde o século 11 a.C. - depois de ter passado pela Coréia. Já o missô (pasta com mistura de soja, arroz e milho) faz parte das variações criadas pelos próprios japoneses, junto com o molho shoyo e tofu. A pasta é ingrediente principal no missoshiru (caldo de soja) e costuma ser o tempero predileto para a carne de porco (sumissô). No Japão do Período Edo (1603-1868), os produtos à base de soja eram tão consumidos que criaram o seguinte provérbio: “Ao invés de pagar um médico, pague missô-ya (venda de missô)”. Hoje, até mesmo no Brasil os produtos à base de soja estão em alta por causa de seus elementos benéficos à saúde, auxiliando na prevenção de câncer e osteoporose.

O primeiro país ocidental a utilizar a soja foi a Inglaterra, em 1908, e, na América, o produto começou a ser consumido por volta de 1924. Com a ocidentalização da alimentação ocorrida no pós-guerra, o consumo de missô diminuiu muito no Japão. Mesmo assim, a produção anual é de 526 mil toneladas, com faturamento de 160 trilhões de ienes. A província de Nagano é responsável pela produção de 40%, seguida de Aomori, Niigata e Aichi. Cada japonês consome em média 4,3 kg de missô por ano (estatística do ano de 2001). Já as exportações do produto aumentaram depois dele ter sido rotulado nos Estados Unidos como alimentação benéfica à saúde. Hoje, cerca de 2.500 toneladas são exportadas por ano. No Brasil, a industria Tozan, que está há 70 anos em Campinas, produz em média 7 mil Kg da pasta de missô, que dá origem à sopa.

Os benefícios

Segundo a nutricionista Claudia Nakaza, a soja é considerada um alimento funcional porque além de funções nutricionais básicas, produz efeitos benéficos à saúde, reduzindo os riscos de algumas doenças crônicas e degenerativas. “Ela é rica em proteínas de boa qualidade, possui ácidos graxos poliinsaturados e compostos fitoquímicos como: isoflavonas, saponinas, fitatos, dentre outros. Também é uma excelente fonte de minerais”, conta.

Cláudia explica que, de acordo com pesquisas, essas isoflavonas da soja reduzem os riscos de alguns tipos de câncer, como o de mama, colo do útero e próstata. Também são recomendadas na tensão pré-mestrual, no alívio dos sintomas indesejáveis da menopausa e na prevenção da osteoporose. “Ela controla os níveis de colesterol e triglicérides reduzindo, assim, os riscos de enfarto, trombose, aterosclerose e acidentes vasculares cerebrais (AVC)”, informa a nutricionista.

Os tipos

Conforme o tipo de matéria básica temos o mame-miso, feito somente de soja, ou kome/mugi-miso em que se mistura arroz ou trigo à soja. O processo de produção é praticamente o mesmo.

Há dois tipos de missô, o adocicado vermelho ou branco, e o salgado vermelho e branco. No Japão, cada região tem o seu missô tradicional, como o Shinshu missô da província de Nagano, por exemplo, o Sendai missô, da província de Miyagi e o Shingen missô, da província de Yamanashi.

Como degustar

Segundo Roberto Moriya, proprietário do Yaki-Ten Restaurante & Eventos, apesar da base ser sempre a mesma, é possível fazer variações do prato. “Você pode acrescentar à soja diversos ingredientes de sua preferência, legumes e até frutos da época”, diz.

Moriya garante que a sopa pode ser servida no café da manhã, no almoço ou no jantar e que algumas de suas variações são o missô com shijimi (pequenos mariscos), com tofu e algas marinhas, frango com espinafre, ovo com cogumelo (shitake), mariscos com cebolinha, e muitos outros. “A escolha varia com o gosto de cada pessoa, pois no restaurante, por exemplo, servimos o missô com algas, cebolinha e tofu”, revela Moriya.